top of page
logo artigos.png

ARTIGOS

Rede de apoio na maternidade e a saúde mental da mãe

base para blog 1.jpg

Ter pessoas que ajudem a mulher com as rotinas mais simples da casa, auxilia a vivenciar com plenitude a maternidade e ter mais saúde emocional

Você já ouviu o termo rede de apoio? Ele ganhou notoriedade nos artigos sobre maternidade nos últimos anos e muito mais do que um modismo editorial, é de fato um divisor de águas na vida das mães. Talvez o real significado deste termo só seja compreendido efetivamente por aquelas que já tiveram filhos, pois é quando o treino vira jogo e tudo se torna desafiadoramente verdadeiro.

Quando engravidamos, o corpo e as rotinas da mulher já passam por grandes transformações. Desde tarefas simples, como colocar os próprios sapatos podem ser verdadeiros desafios com barreiras para serem realizados. E após o nascimento do bebê, toda a energia, atenção e cuidado são direcionados para esse novo ser que chega ao mundo e precisa de todo esse cuidado.

Nós que já passamos pelo puerpério e pelos momentos iniciais da relação mãe e filho, sabemos o quanto é importante uma rede de apoio, um grupo de pessoas que ajudarão nas rotinas mais simples da casa para essa nova mãe criar uma conexão com o filho recém-nascido e toda a dinâmica da família. E engana-se quem acha que a rede de apoio é importante apenas nos anos iniciais do filho, é ela um dos caminhos para mostrar à mãe que sua saúde mental deve ser priorizada sem abrir mão de suas conquistas individuais.

São coisas simples do dia-dia – como conseguir se alimentar, de preferência com a comida ainda quente; ter tempo para tomar um banho e lavar os cabelos; conseguir dormir um pouco… são situações em que uma rede de apoio se torna essencial para a saúde física e mental da mãe, que nem sempre tem energia e disposição para ser interrompida pela rotina incessante com o bebê.

Claro que o papel dos pais é fundamental, mas o vínculo mãe e bebê é extremamente importante. Esse contato tão próximo já se estabelece desde a gestação e vai para toda a vida. Sem contar que a pressão maior recai sobre as mães, afinal, a amamentação por si só já é um fator de esgotamento físico para a mulher, já profundamente exausta pela chegada do novo membro da família e pela mudança drástica no próprio corpo e na rotina de antes.

É preciso dizer que as mães ficam sobrecarregadas, sem dormir, sem se alimentar, as tarefas da casa por fazer e o bebê chorando sem parar. Nesse contexto, pessoas que se oferecem para fazer o jantar, manter a casa limpa, lavar as roupas ou até mesmo colocar o bebê para dormir e deixar a mãe descansar um pouco contribuem diretamente com o bem-estar da mãe e consequentemente, ajudam na criação de pessoas melhores para o mundo.

Compartilhar os cuidados da criança com uma rede de apoio é essencial para o desenvolvimento delas, afinal, a convivência dos pequenos com avós, parentes, amigos ou vizinhos possibilitam uma família ampliada e o aprendizado que o convívio gera com experiências ricas e produtivas para a criança.

Algumas dicas são importantes para criar e nutrir uma rede de apoio que dará mais tranquilidade aos pais. Veja algumas que separei para vocês:

– Explique qual ajuda você precisa;

– Converse e confie nas pessoas da sua rede;

– Se abra a novas amizades;

– Busque afinidades;

– Não tenha vergonha de pedir ou oferecer ajuda;

– Grupos virtuais também ajudam;

– A convivência com outras crianças também faz parte da rede de apoio.

Para finalizar, um provérbio nigeriano que vai te fazer refletir sobre a importância de estar rodeado por uma rede de apoio. “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”, uma frase que nos mostra a importância de pessoas ajudarem os pais nesta jornada da criação.

mês a mulher

Mês da Mulher: os riscos que o perfeccionismo pode trazer à saúde

BLOG 2.jpg

Apesar do papel da mulher multitarefa e que dá conta de tudo ser romantizado pela nossa sociedade, essa “virtude” muito valorizada nelas, pode ser um problema ao bem-estar mental

Março é o mês da mulher. Um período que faz alusão às lutas por reconhecimento e igualdade de direitos que todas lutam e que ganhou ainda mais visibilidade com a comemoração internacional.

Por isso, aproveitando o gancho e a visibilidade do público feminino neste mês, hoje eu trouxe para vocês um tema muito importante e que provavelmente se enquadra em pelo menos algumas situações da vida de toda mulher: o papel feminino de ser multitarefa e que dá conta de tudo – sempre com perfeição e fazendo malabarismos para alcançar os objetivos – pode ser um risco à saúde mental.

O perfeccionismo já é nocivo para a saúde da população em geral, mas pode se agravar ainda mais se estiver relacionado a elas, já que desde sempre as mulheres realizam dupla jornada e têm que se dedicar o dobro para obter os mesmos resultados que os homens.

De acordo com levantamento feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2017, as mulheres trabalham em média 7,5 horas semanais a mais que os homens, devido à dupla jornada que inclui tarefas domésticas, cuidado com os filhos e trabalhos remunerados, embora a taxa de escolaridade das mulheres seja mais alta.

Agora, sabendo deste cenário e da romantização que a mulher multitarefa tem na nossa sociedade, muitas ainda têm que lidar com o perfeccionismo, a necessidade de atingir a perfeição em todas as situações, o que pode prejudicar a saúde mental e a autoestima, já que com a rotina atribulada e o excesso de tarefas, dificilmente uma autocrítica tão elevada será suprida.

Imaginem, a vida de uma mulher em apenas um dia: acordar, preparar o café da manhã, verificar se todos estão prontos para irem para os seus compromissos, levar os filhos para a escola, ir para o trabalho, fazer reuniões, lidar com o chefe, buscar os filhos na escola, fazer o jantar, ajudar as crianças com as tarefas escolares, dar banho e colocar os filhos na cama, fazer exercício, passear com o cachorro, dar atenção ao parceiro, ter um tempo de autocuidado… sem dúvidas faltam muitas etapas, mas essas são as mais comuns e com certeza já sobrecarregam a rotina de qualquer pessoa.

E quando essa rotina está atrelada a autocrítica e a exigência de perfeccionismo, a saúde mental sofre bastante!!

A perfeição é relativa e depende de pessoa para pessoa e de acordo com as situações. E no fundo no fundo sabemos que a perfeição não existe e tudo bem errar. O erro faz parte de todos os aprendizados e somos simplesmente humanos.

A psicoterapia pode te ajudar a compreender por qual motivo você se cobra tanto e as origens desta busca incessante pelo perfeccionismo através do diálogo com um profissional da área.

Com o acompanhamento psicológico, a pessoa pode entender suas falhas e fazer uma reforma íntima de modo a processar de forma saudável e equilibrada que a perfeição não existe e que sem ela, a vida pode continuar sendo satisfatória e repleta de felicidade.

7 dicas para combater o perfeccionismo

1.Veja seus erros como oportunidade de crescimento e evolução profissional e pessoal;

2.Perfeição não é sinônimo de sucesso;

3.Não cobre dos outros perfeição. A evolução está repleta de diversidade;

4.Aceite críticas e não se cobre tanto;

5.O processo é mais importante que o resultado;

6.Aprender é tão importante quanto realizar;

7.A perfeição é subjetiva. O que é incrível para um, não é para o outro;

Você não precisa dar conta de tudo sozinho! Compartilhar as tarefas além de te permitir viver uma vida mais leve auxilia ao outro também se desenvolver.

Os desafios...
BLOG 3.jpg

A chegada de um filho já é um momento desafiador para compartilhar entre a mãe e o pai, mas quando a maternidade é solo requer ainda mais cuidados de toda a rede de apoio

As mulheres trabalham cerca de 7,5 horas a mais do que os homens em uma semana. Isso se deve ao fato da jornada dupla de trabalho, entre casa e trabalho. Foi o que constatou um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e ressalta a normalização da sobrecarga feminina por parte da sociedade.

Aliado a esse fator, temos o crescimento das mulheres que assumem o papel de “mães solos”, mulheres que são inteiramente responsáveis pela criação dos filhos. A expressão chegou para substituir definitivamente o uso pejorativo de “mãe solteira”, afinal, o estado civil não tem relação com o cuidado solo ou coletivo de um filho.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existem 57,3 milhões de mães solo, o equivalente a 38,7% de brasileiras chefiando seus lares. Esse panorama mencionado nos dá uma noção de como a maternidade solo é uma realidade e que deve ser vista não apenas como símbolo de resiliência e força das mulheres, mas como um novo molde familiar que deve ser enfrentado com cuidados e se possível, com a ajuda de uma rede de apoio.

“É importante que a mãe solo saiba que em procurar ajuda especializada como psicólogos, pode auxilia a ressignificar esse lugar e aumentar a resiliência emocional“.

VIVIANA MADISSON

Ser mãe solo envolve desafios como o preconceito – que ainda existe – porque a sociedade cobra padrões familiares pré-definidos. Desafios da sobrecarga de atividades e responsabilidades externas, assim como desafios emocionais de ser o principal pilar daquela criança/adolescente, administrar cuidados com a casa, trabalho, vida financeira e o próprio autocuidado, que muitas vezes fica negligenciado.

Por essas e outras que a maternidade solo exige cuidados, porque quem a exerce é uma pessoa de carne e osso, que vai precisar ser cuidada para cuidar. Infelizmente esse cenário de sobrecarga da mulher torna essa missão ainda mais árdua, pois as mães solos habitualmente tem duas jornadas de trabalho – literalmente – o trabalho externo para trazer renda para casa, e os cuidados com a família e o lar.

E engana-se que a maternidade solo é coisa do passado. Apenas no primeiro semestre de 2020, 80.904 crianças tiveram registrado apenas o nome das mães nas certidões de nascimento. As informações são da Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional).

E falando sobre os cuidados que a maternidade solo necessita, podemos mencionar a importância de as mães terem momentos para si, pois isso afeta diretamente o bem-estar físico, psicológico e emocional da mulher.

Nessas horas habitualmente escuto “mas que horas vou conseguir tempo para isso”, e eu convido para refletir sobre a importância da rede de apoio, pois colaborará para que a missão solo da mãe seja mais leve e o filho possa ter vivências com pessoas importantes, como tios, avós, amigos, entre outros.

É importante que a mãe solo saiba que em procurar ajuda especializada como psicólogos, pode auxilia a ressignificar esse lugar e aumentar a resiliência emocional. É necessário que haja uma resignação do propósito da maternidade solo e a mulher se redescubra dando novos significados a esse papel.

Mais importante do que ter um alguém para dividir a maternidade é que você está fazendo o seu melhor e você é incrível por isso! A sua missão como mãe é muito bonita e profunda, mesmo apesar de muitas vezes parecer altamente desafiadora.

E lembre-se que para cumprir de uma forma ainda melhor esse propósito, cuidar de você é essencial. A maternidade solo não é um presente, mas é um caminho de desafios e recompensas que vai te levar a um lugar lindo: a criação do seu maior feito, o seu filho.

A metmorfose...
blog 4 a metamorfose.jpg

O puerpério é um momento de profunda transformação. Ali morrem mulheres que nascerão ainda mais fortes para os desafios da maternidade

No dicionário, puerpério é um período que decorre desde o parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher voltem às condições anteriores à gestação. Na prática, puerpério é um período de grande transformação para a mulher, tanto física, quanto emocional.

Costumo dizer que assim que o bebê nasce, aquela mulher que existia, morre para uma nova mulher ganhar vida. Quase como o mito da Fênix, que para renascer transformada, precisa deixar ir a antiga versão. É o luto do puerpério, que embora dolorido, forja mulheres como mães, deixando-as ainda mais fortes, mais resilientes e que a cada dia, aprendem com os desafios da maternidade.

E por que digo que o luto do puerpério é dolorido? Porque quando o bebê nasce, a vida da mãe vira de cabeça para baixo, literalmente. São responsabilidades que até então a mulher não tinha… cuidar em tempo integral de uma pessoinha que precisa do seu amor, leite, atenção e cuidado. Dormir pouco; não ter tempo nem para se alimentar direito; ser solicitada constantemente; constatar que a realidade é bem diferente daquela romantizada pelos comerciais de margarina… são muitos os motivos que tornam o puerpério tão desafiador, mas que também o tornam essencial, porque é neste período, que saímos do casulo para a metamorfose que nunca vai regredir: ser mãe é jamais ser a mesma mulher de antes.

Sempre falo que a gestação é uma preparação para os desafios que chegarão com a maternidade e que nem de longe, você imagina como serão. Quando o bebê está na barriga, temos todo o cuidado do mundo com aquela vidinha que cresce dentro de nós, que nos acompanha por onde vamos e esses cuidados são os mesmos que destinamos a nós. Se estamos bem alimentadas, o bebê está bem alimentado, se estamos bem cuidadas, o bebê também está, uma realidade que muda completamente após o nascimento.

O puerpério chega solicitando de nós cuidar do outro, para amamentar, trocar fraldas, se privar do sono, se preocupar com cada respiração diferente, trocar a sua vida de antes por uma completamente nova que chegará com a pessoinha responsável pela metamorfose mais significativa do seu caminho. O luto do puerpério é doloroso, mas é necessário para que a mulher de antes seja substituída por uma ainda mais forte e certa do seu papel no mundo.

E posso dizer algo de mãe para mãe? Tem dias que a gente pensa que não vai aguentar. Os hormônios descompensados, os desafios diários, a privação do sono – esse é o mais difícil para mim – , a falta de tempo até mesmo para os cuidados mínimos pessoais e o medo do desconhecido nos apavoram em várias situações.

A boa notícia é que todo esse turbilhão passa! As vezes parece uma eternidade, mais passa. Inclusive vira um mantra para os pais, “tudo passa”. Até mesmo acho que a teoria de relatividade do tempo surgiu com novos pais, porque realmente a sensação do tempo passando oscila constantemente quando se tem um bebê.

Brincadeiras à parte, nada vai te preparar o suficiente para a sua experiencia com o puerpério, mesmo tendo outros filhos, cada filho é único e o puerpério é vivenciado de formas diferentes. Conversando com mães com mais de um filho elas me relataram que os outros puerpérios é mais tranquilo, por causa das experiências anteriores, mas essa é uma vivência que não tenho para compartilhar.

E como lidar nessa fase então? Busque a cumplicidade com o parceiro ou parceira, o apoio de uma rede de pessoas dispostas a te ajudar, seja muito gentil com você, acredite, você está fazendo o seu melhor e você é a melhor mãe do mundo para o seu filho! Deixe de lado o papel de super-heroína, isso só vai te gerar sofrimento desnecessário. Socialmente se cobra demais das mães, mas lembre-se que você está passando por uma fase única e por isso você está aprendendo. Você não fez o filho sozinha e a responsabilidade fica mais leve sendo compartilhada.

A melhor recompensa de tudo isso é ver um pedacinho gerado por você crescendo para fazer a diferença no mundo, uma ótima que faz tudo parecer mais leve. E se precisar de ajuda especializada para enfrentar este período, peça ajuda. Para ser a mãe na sua melhor versão, você precisa também se cuidar.

Puerperio desafio
BLOG 5 O DESAFIO.jpg

Um período de muitas transformações emocionais e fisiológicas no organismo da puérpera vem acompanhado dos desafios de aprender a “maternar”

Mesmo na era da informação, nada e nem ninguém te preparam para os desafios que é ser mãe. Nós nunca teremos a dimensão dos desafios que chegam com o puerpério porque cada filho é único e não existe receita para equalizar em nossos corpos e mentes, o turbilhão de mudanças hormonais e psicológicas com o fato de que quando nasce o bebê, nasce também ali uma nova mulher.

E como este texto pretende te ajudar a enfrentar esses obstáculos e fazer repensar os conceitos de maternidade, não quero romantizar, nem demonizar esta fase. A ideia é refletirmos sobre um período extremamente novo para a mãe e que ainda, a sociedade tende a impor como uma final de novela das nove. O perigoso é que se a mãe acredita neste puerpério perfeito, quando ele não acontece – na maioria das vezes – a mulher pode ser levada a acreditar que existe algo de errado com o seu jeito de maternar e prejudicar ainda mais a passagem por este período que naturalmente já é repleto de adversidades.

“No puerpério existe um luto, onde aquela mulher de antes é enterrada para que outra ainda mais forte e preparada nasça”.

VIVIANA MADISSON

O puerpério está longe de ser aquele período “instagramável” onde a família estará sempre feliz e arrumada como as fotos de newborn que vemos por aí. A verdade nua e crua é que se na gestação a mãe tem que cuidar de si para que o bebê esteja bem, no puerpério, de um dia para o outro, ela se vê com a enorme responsabilidade de cuidar de si e cuidar de uma pessoa totalmente dependente e que exigirá dedicação absoluta e integral.

Neste período, a mãe mal consegue tomar banho sem ser solicitada. Coisas simples do dia-dia como almoçar, lavar o cabelo, fazer as unhas ou as sobrancelhas se tornam artigos de luxo na vida da puérpera que aprende como uma das principais lições da maternidade a amar mais o outro do que a si mesma.

É uma fase de extrema exaustão. Privação de sono, medos, descobertas, frustrações, um corpo diferente e uma pessoa que virou o centro das suas atenções e preocupações. As mudanças são drásticas para o corpo e a mente da mãe e com os hormônios se reajustando no pós-parto, tudo se torna ainda mais desafiador.

É importante que ainda na gestação você tenha consciência do quanto este período exigirá de você. Converse com seu parceiro ou parceira, peça ajuda para a sua rede de apoio, esteja ciente das dificuldades e tire todas as dúvidas com o seu médico.

Embora nada possa te preparar para os desafios do puerpério, ter uma visão menos romantizada desta fase contribuirá para que você passe por esta etapa menos sobrecarregada por expectativas e auto cobranças. Entenda que é uma fase de altos e baixos, mas completamente natural, afinal, é a natureza colocando seu corpo no lugar e te preparando para ser uma mulher diferente, para ser a melhor mãe que você puder ser.

Falo sempre que no puerpério existe um luto, onde aquela mulher de antes é enterrada para que outra ainda mais forte e preparada nasça. Assim como acontecem com as lagartas ao se tornarem borboletas. Nunca imaginaremos o quanto podemos ser melhores ao nos tornarmos mães e isso é possível. Alguns degraus nos preparam para esta metamorfose e um deles é o puerpério. Não tenha medo, enfrente, leia, converse, estude e viva esta fase repleta de obstáculos.

É neste período que suas asas crescerão e a tornarão a mãe que dará orgulho a todas as outras que também já viveram esse luto.

Perda gestcional
BLOG 6 PERDA.jpg

Lidar com os desafios mentais e físicos, pode fazer com que a perda seja ainda mais desgastante

Todos que perdem alguém que amam normalmente têm uma foto, uma peça de roupa, conversas, momentos, histórias e relatos mais palpáveis da importância que aquela pessoa teve antes de partir. Com a perda gestacional essa visível lembrança muitas vezes não existe.

Embora esse luto seja invisível para a maior parte das pessoas, ele deixa uma imensa lacuna naquela casa, família, berço, ventre… um buraco tão grande e visível quanto a perda das pessoas que chegaram a nascer e a viver no mundo aqui fora.

Antes de eu ter o Mateus, eu perdi três gravidezes. Cada qual com sua cicatriz, com sua dificuldade, com seu tempo, com sua dor. Todas doeram muito e nenhuma me preparou para a outra. Quem é mãe sabe que cada filho é único

e foi desta forma com a perda dos meus três anjos.

Como profissional e mãe que já viveu a dor destas perdas, percebo que o tema é pouco compreendido pela sociedade.

VIVIANA MADISSON

Talvez o que torne ainda mais difícil a perda gestacional seja que neste luto invisível, existe não somente os desafios mentais de enfrentar a vida sem a pessoinha que tanto esperávamos, mas os desafios físicos de não ter dado a luz ao seu sonho e mesmo assim, ver seu corpo voltando ao normal, mesmo que a mente nunca mais seja a mesma.

Como profissional e mãe que já viveu a dor destas perdas, percebo que o tema é pouco compreendido pela sociedade. Como o luto é invisível, o senso comum tende a achar que o processo da perda acaba na saída do hospital, mas se é a perda de um filho é algo tão difícil, porque seria só porque ele ainda não nasceu? Como se fosse possível medir o amor pelo tempo de convivência com aquele pedaço de nós que se foi tão precocemente.

E quando me refiro ao senso comum, lembro de frases que são comuns de serem ditas às mães que passam pelas perdas gestacionais, como “logo você arruma outro”, “continuem tentando”, “não chore”, entre outras. Faz parte da saúde mental da mãe, do pai e de toda a família, o período do luto, do acolhimento e do reconhecimento da perda dolorida e visível.

Embora falemos muito do sofrimento da mãe que perde seu bebê, não podemos esquecer ou minimizar o que os pais sofrem também. Sobretudo porque a sociedade lhes cobra uma força física muito maior do que a nós, mães e mulheres. Os pais sofrem calados muitas vezes, sofrem tendo que dar apoio a todos e ainda sim tendo que ficar fortes e firmes na frente de todos.

A perda gestacional precisa ser falada porque é absolutamente normal o impacto emocional da perda de um bebê, de um filho.

VIVIANA MADISSON

Sofrem porque dizem que homem não chora e o choro tem que ser por dentro, de forma silenciosa e cortante. Sofrem porque muitas vezes suas esposas estão no hospital ainda e cabe a eles, velar e sepultar um filho, um amor e um sonho. Fisicamente os pais sofrem sozinhos quase sempre.

É importante que os profissionais da saúde que realizam os primeiros atendimentos com os pais saibam reconhecer e compreender o tamanho deste luto. A subjetividade e a complexidade desta perda precisam de um acompanhamento primário por parte destes profissionais, de uma sensibilização por parte da família e de um acompanhamento psicológico para que possa ser superado e validado de acordo com seu real significado.

Acontece muito em famílias que enfrentam perdas gestacionais da mãe não poder participar dos sepultamentos por estarem hospitalizadas, o que dificulta ainda mais a consciência da perda. É importante que a família ajude com momentos de concretização e elaboração do luto e entendimento da perda, para que a saúde psíquica da mãe esteja preparada para o momento de tamanha dor e para a superação dele quando for o caso.

A perda gestacional precisa ser falada porque é absolutamente normal o impacto emocional da perda de um bebê, de um filho. Pais que perdem seus filhos antes de nascerem sofrem tanto quanto aquelas que já os têm em seus braços.

O luto daqueles que perdem um filho – mesmo que ainda invisível para a sociedade – será sempre visível em seus corações.

zap fixo 2.png
bottom of page